Monday, April 20, 2009

Gráfica Fidalga

Navegando pelo twitter achei um link do You Tube sobre uma tal "Grafica Fidalga". Eles fazem poster lambe-lambe com uma máquina alemã de 1929. Para os dias de hoje, atraso total. Para os donos da empresa, poesia pura. Nesse caso, acho que o amor pela profissão ultrapassa o valor da tecnologia. 

Confiram:

Sunday, April 05, 2009

The Goonies


1. A atriz que interpretou Harriet WalshMary Ellen Trainor, era casada com Robert Zemeckis. Ela esteve em quatro de seus filmes: Tudo Por Uma Esmeralda, De Volta para o Futuro II, A Morte Lhe Cai Bem e Forrest Gump. Eles se divorciaram em 2000.

2. A cena do sótão, onde as crianças descobrem o mapa de Willy Caolho levou dois dias para ser filmada e tem mais de 100 tomadas. A propósito, o nome completo de Willy Caolho é William B. Pordobell.

3. O nome verdadeiro do Bocão é Clark.

4. O elenco disse que estava apavorado em filmar o vídeo Goonies R Good Enough com Cyndi Lauper, porque todos os lendários lutadores que participaram do clipe eram assustadores.

5. O ator que fez o papel de Sloth é John Matuszak. Alguma vez você reparou que ele usa uma camiseta do Oakland Raiders numa parte do filme? É uma espécie de piada. Matuszak, antes de ser ator, era jogador de futebol americano. Ele morreu vítima de ataque cardíaco, apenas quatro anos após ter filmado Os Goonies, com 38 anos. Dizem que sua morte foi motivada por esteróides.

6. Sloth diariamente demorava cerca de cinco horas para ficar pronto. Um dos seus olhos era operado por controle remoto.

7. Robert Davi, que interpreta Jake Fratelli é realmente um cantor de ópera.

8. Os Goonies são chamados assim porque todos eles moravam em um bairro de Astoria, chamado “Goon Docks”.

9. Quando Chunk (ou Gordo, como é conhecido aqui no Brasil), está sendo interrogado pelos Fratelli, ele realmente está chorando - segundo ele, porque achava que sua mãe iria morrer.

10. Jeff Cohen, o Gordo, largou a carreira artística em 1991. Ele agora é advogado em Los Angeles e chegou a se candidatar à presidência da Universidade UC Berkeley, com o slogan “Gordo para Presidente”.

11. Os Goonnies não querem morrer. Rumores sobre Goonies 2 circulam há anos. Alguns dos atores do filme original já desdenharam a participação, enquanto outros disseram que certamente participariam.

12. O ator que interpreta Troy, o namorado da Andy, é Steve Antin. Ele não só é escritor, como toda sua família é muito famosa. Seu irmão é o famoso cabeleireiro Jonathan Antin - dono de um salão em Beverly Hills e conhecido por cuidar de várias celebridades, sua irmã Robin Antin criou o grupo Pussycat Dolls e seu irmão, Neil Antin, também é ator.

13. Se você visitar Oregon e quiser fazer um tour pelas locações do filme, visite TheGoonies.org, que apresenta uma lista de todos os locais onde foi filmado. Você ainda pode visitar a casa Goonie, os proprietários não se incomodam.

14. Quando as crianças fogem no navio pirata, eles encontram com um polvo. Você só não vê porque a cena foi cortada, mas Data fala sobre isso com sua mãe, comentando sobre suas aventuras no final do filme.

15. Richard Donner, diretor do filme, ainda tem a cabeça de Willy Caolho em seu escritório.

16. As crianças não tinham visto o navio pirata até o momento da filmagem, por isso os olhares assustados na cena. Por ser grande demais, os produtores tentaram - sem sucesso - doá-lo para um parque de diversão e para um outro filme, mas ninguém aceitou o presente, então ele foi destruído.


Lavoura Arcaica: o eterno retorno para a casa da existência

“Estamos indo sempre para casa”...(Raduan Nassar)

Da escritura sagrada de Raduan Nassar, o diretor Luiz Fernando Carvalho (experiente diretor de minisséries da Rede Globo como Hoje é dia de Maria, Pedra do Reino e Os Maias), extraiu as sensações e conseguiu tecer um filme denso com imagens poéticas e arrebatadoras mantendo o texto de Raduan como guia condutor. De uma obra rara como a de Raduan, o longa lançado em 2001 ainda inquieta os espectadores mais sensíveis e há quem diga que é um dos filmes mais belos já feitos em terras brasileiras. 

Na tentativa de fazer o caminho contrário da parábola do Filho Pródigo, Lavoura traz a narrativa em primeira pessoa do personagem André (Selton Mello), que revoltado contra as tradições agrárias e patriarcais impostas pelo seu pai foge para a cidade desejando a todo custo um destino diferente daquele reservado para ele por sua família. 

A primeira cena desloca o espectador do seu estado natural para embriagar-se junto com André numa angustia que o toma do início ao final do filme. O som de um trem correndo pelos trilhos e a masturbação de André em seu refugio (um quarto alugado em uma pensão), onde a câmera aproxima-se da pele do ator formando uma imagem sem definição, dá o tom do que virá pela frente, reservando aos olhos fotografias semelhantes à poesia, feitas pela genialidade de Walter Carvalho.

Ao encontrar o irmão no quarto alugado, Pedro (Leonardo Medeiros) tenta a todo custo levá-lo de volta para casa, num diálogo aparentemente interminável onde toda o peso da saída do irmão é levado para fora. Utilizando imagens como a memória, Pedro conta como sua mãe ficou depois da sua partida e de como a família agora não tem mais felicidade. André ao ouvir o irmão começa um discurso doloroso do que motivou sua partida e a obra contorna a literatura de Nassar numa jornada sensível a infância de André que viveu toda sua história convivendo entre o doce de sua mãe (Juliana Carneiro da Cunha) com seus carinhos e amor e o amargo de seu pai (Raul Cortez) com suas punições e culpas, calcados na doutrina cristã e na valorização do tempo. Ensinamentos que André repudia por contrapor aos sentimentos incestuosos por sua irmã Ana (Simone Spoladore) e sua rejeição sentida desde criança diante as atitudes do pai. André tem pressa e quer ser o profeta de sua vida e crescer por seus próprios desejos. 

O pedido da mãe em fazer Pedro trazer André de volta é atendido, mas o retorno é ainda mais doloroso. O diálogo entre pai e filho na recepção deixa nítida a angustia de existir em André e o pausado discurso do pai tece fios de distância entre as gerações, evidenciando ainda mais o conflito existente. Entre as cenas mais belas do filme, a festa da recepção traz a irmã Ana dançando de branco com uma flor vermelha nos cabelos e o olhar de desejo de André enquanto afundava os pés nas folhas secas caídas sobre a terra molhada. A imagem é poesia pura e de tamanha força que conseguimos sentir as folhas entre os dedos dos nossos próprios pés. 

Além desta sensação, os aromas, a temperatura, o doce e o amargo e principalmente a sonorização do filme, envolve todos os sentidos de quem assiste. 
Por falar no som, a trilha sonora é primorosa e traz o compositor Marco Antônio Guimarães, líder do grupo Uakti, em perfeita sintonia com a obra. A música de Guimarães utiliza temas típicos da música árabe e faz uma citação d'A paixão segundo São Mateus de Bach. Marco que tem experiência em criar sons experimentados a partir de canos de PVC e objetos recicláveis conseguiu concretizar uma das trilhas mais dinâmicas e belas do cinema brasileiro.

É nessas sensações, entre o doce e o amargo e a poesia que o filme se traduz, se desfaz e toma o espectador. E vale a pena, mesmo com quase três horas de duração, ser visto e revisto diversas vezes. É um retorno para a casa de nós mesmos. 


Raduan Nassar

Comparado na literatura a Clarice Lispector e Guimarães Rosa, Raduan é um escritor raro, assim como suas poucas obras publicadas. “Lavoura Arcaica” publicado em 1975, “Um copo de cólera” em 1978 e “Menina a caminho” (contos) em 1994, são os poucos espaços onde os leitores podem encontrar seus escritos. Raduan escolheu viver isolado em seu sítio na cidade de Pindorama, interior de São Paulo, lugar onde não sai desde 1984. 
Para a autorização da adaptação de sua obra no filme “Lavoura Arcaica” o único pedido de Nassar para o diretor Luiz Fernando era que ele não aparecesse em lugar nenhum. E foi o que aconteceu, até hoje não se sabe se Nassar assistiu ao filme. 

Trecho da obra literária transposta para o filme:

"O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor. Embora, inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento. Sem medida que eu conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza. Não tem começo, não tem fim. Rico não é o homem que coleciona e se pesa num amontoado de moedas, nem aquele devasso que estende as mãos e braços em terras largas. Rico só é o homem que aprendeu piedoso e humilde a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura. Não se rebelando contra o seu curso. Brindando antes com sabedoria para receber dele os favores e não sua ira. O equilíbrio da vida está essencialmente neste bem supremo. E quem souber com acerto a quantidade de vagar com a de espera que deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco de buscar por elas e defrontar-se com o que não é. Pois só a justa medida do tempo, dá a justa 'atudeza' das coisas (Raduan Nassar)

Trechos do longa