Saturday, March 18, 2006

DPZ


A DPZ É UM FENÔMENO

Não sei se carregam verdades os rumores de que a DPZ e a W/Brasil se iriam fundir. Mas me fizeram lembrar 1988, quando circularam na W, onde eu trabalhava, comentários de que a agência fizera uma proposta de compra da DPZ, mais precisamente da parte do Roberto. Não sei se por despropositada, o fato é que a coisa não rendeu mais do que fofoca de corredor. Meus amigos, a DPZ é mesmo um fenômeno! Ainda hoje eu pensava (desculpem, mas os fatos me fazem pensar, o que é que eu posso fazer?): quando o Washington deixou a DPZ e montou a W, em seguida ganharia a conta do Unibanco, em razão do excelente trabalho que fizera na DPZ para o Itaú, em dupla com o Petit. Muito bem. Enquanto o Unibanco crescia como cliente e fazia da W uma agência robusta, a DPZ, pouco tempo depois, amargaria uma certa corrosão no seu faturamento porque o Itaú resolve dividir a conta, dando um pedaço generoso da verba para a DM9. Um analista de ocasião poderia muito bem dizer: acabou-se um ciclo, começou outro. Mas eis que o tempo passa e o que vemos? A W perdeu, recentemente, o Unibanco, reconheça-se depois de anos de um trabalho eficiente, e a DPZ continua com o Itaú e acaba de ganhar mais um produto do banco, sem prejuízo das partes que cabem, hoje, à DM9 e ao Nizan, na África. Ou seja, a agência é uma rocha. Acho que um profissional atento e sensível aos rumos de sua atividade não pode ficar indiferente diante de um histórico como esse. Eu confesso que fico sinceramente emocionado com a formulação exemplar que a DPZ desenhou para a sua história. Talvez a co-existência com a Dentsu por muito tempo (não sei se ainda hoje mantém algum laço) tenha ajudado a fazer da DPZ uma agência meio oriental, paciente, serena, tranqüila, confiante no que lhe cabe, consciente de seus direitos inalienáveis e do exercício natural da justiça por parte do destino, se é que isso existe ou, quiçá, só exista e aconteça para quem acredita que exista. Quem sabe a convivência com os japoneses explique um pouco dessa longevidade saudável de um trio que começou em 1968 e continua junto e produtivo. Meus amigos, são 37 anos! Eu adorei ver a foto dos três no último P&M, no anúncio em que informavam a conquista de três novas contas. Estão ali, como estiveram em tantas fotos, na década de 70, nas mesmas poses, com os mesmos sorrisos, com a mesma jovialidade, com o mesmo ar divertidamente desafiador de crianças espirituosas. Como pode uma agência 100% brasileira manter-se tão bem colocada por tanto tempo? Claro, há outras, mais recentes, como a Lew, Lara, hoje, igualmente, bem colocadas, mas a DPZ está na frente há quase quatro décadas! Com um detalhe que não pode ser desconsiderado: os três são muito ruins de rolo! Ou seja, só sabem trabalhar. Portanto, eles são uma prova viva e extremamente estimulante de que dá para crescer e se manter importante nesse negócio trabalhando, sendo apenas profissional, fazendo anúncios criativos, escrevendo roteiros memoráveis, planejando estratégias inteligentes, atendendo aos clientes com eficiência, negociando mídia com critério e bom senso, estimulando seus colaboradores a acreditarem em seus talentos, prestigiando seus fornecedores e agindo com ética. Por isso, a DPZ merece todo o nosso reconhecimento, todas as nossas homenagens. Por ter atravessado absoluta, senhora, imponente, todas as turbulências e todas as crises e superado com auto-suficiência todas as defecções, numa demonstração incontestável de que o que nos faz fortes não é o quanto ostentamos de poder e fortuna em dado momento de nossas existências, mas o patrimônio valoroso de um caráter inquebrantável forjado no amor ao trabalho. Digo isso como admirador, mas também como aluno dessa escola. Foi na DPZ que desenvolvi as linhas mestras que orientariam as minhas atitudes profissionais para sempre. E que me ajudaram a atravessar meus trinta anos de profissão, enfrentando as mais diversas circunstâncias, das mais difíceis às mais fáceis, mas sempre encaradas com o encantamento de uma alma aberta ao aprendizado e à admiração.

Stalimir Vieira
* Falo e disse...

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